OS IMPACTOS DA GLOBALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ATUALMENTE: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
- Brigite Hanôver
- há 2 dias
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Andréia Ignácio Pinto Rolim1
RESUMO
A globalização tem impactado a educação básica de diversas maneiras, trazendo tanto oportunidades quanto desafios. A integração de tecnologias educacionais se tornou mais acessível, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem com recursos digitais e ferramentas online. Os currículos escolares estão cada vez mais incorporando conteúdo globais, promovendo uma educação diversificada e inclusiva que prepara os alunos para uma sociedade interconectada. No entanto, a globalização também pode acentuar desigualdades, já que o acesso a recursos e tecnologias não é uniforme, beneficiando mais as regiões e comunidades com melhor infraestrutura e financiamento. A mobilidade estudantil e docente é facilitada, permitindo a troca de experiências e conhecimentos através de programas de intercâmbio e cooperação internacional, o que enriquece a diversidade cultural e as perspectivas educacionais nas escolas. Desta forma este artigo visa esclarecer alguns pontos de impactos positivos e negativos que podem aparecer com a globalização presente na educação básica atualmente, se utilizando como embasamento materiais de acervos técnicos digitais relacionados ao tema. O resultado deste artigo acadêmico trouxe amplo conhecimento e um material exploratório para o público que procura informações sobre os impactos da globalização na educação.
Palavras-Chave: Globalização; Globalização e Educação; Impactos da Globalização.
ABSTRACT
Globalization has been causing impact on basic education in several ways, bringing both opportunities and challenges. The integration of educational technologies has become more accessible, enriching the teaching-learning process with digital resources and online tools. School curricula are increasingly incorporating global content, promoting a diverse and inclusive education that prepares students for an interconnected society. However, globalization can also accentuate inequalities, as access to resources and technologies is not uniform, benefiting regions and communities more with better infrastructure and financing. Student and teacher mobility is facilitated, allowing the exchange of experiences and knowledge through international exchange and cooperation programs, which enriches cultural diversity and educational perspectives in schools. In this way, this article aims to clarify some points of positive and negative impacts that may appear with the globalization present in basic education today, using material from digital technical collections related to the topic as a basis. The result of this academic article brought extensive knowledge and exploratory material to the public looking for information about the impacts of globalization on education.
Keywords: Globalization; Globalization and Education; Impacts of Globalization.
1 INTRODUÇÃO
A globalização, fenômeno que interconecta economias, culturas e sociedades ao redor do mundo, tem deixado marcas profundas em diversos setores, incluindo a educação básica. À medida que as fronteiras se tornam mais fluidas e a troca de informações se intensifica, as escolas enfrentam novos desafios e oportunidades. Tecnologias inovadoras transformam a sala de aula tradicional, enquanto currículos são revisados para incluir uma perspectiva mais global e inclusiva.
Contudo, essa integração global também traz à tona questões de desigualdade, exigindo que as instituições educativas e os governos adaptem suas políticas e práticas para garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma educação de qualidade. Dessa forma, a globalização redefine constantemente o
cenário educacional, moldando as experiências e expectativas de alunos e professores em um mundo cada vez mais interconectado.
Em resumo, a globalização transforma a educação básica ao introduzir novos recursos e conhecimentos, mas também impõe desafios significativos que exigem adaptações contínuas para garantir uma educação equitativa e de qualidade para todos os alunos.
Desta forma este artigo acadêmico tem a justificativa de que contribui a exploração dos impactos da globalização na educação básica, pois esta transformação tão rápida na maneira de aprender e na velocidade da informação merece um olhar crítico para poder mapear os riscos que podem impactar a educação, assim como os benefícios.
2 UM DEBATE SOBRE A GLOBALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
As perspectivas para o século XXI indicam a educação como pilar para alicerçar os ideais de justiça, paz, solidariedade e liberdade. As transformações econômicas, políticas e sociais pelas quais o mundo vem passando são reais e irreversíveis. A humanidade tem sido desafiada a testemunhar duas transições importantes que afetam profundamente a sociedade: o advento da sociedade do conhecimento e da globalização. (Moran et al, 2000)
A acelerada mudança em todos os níveis leva a ponderar sobre uma educação planetária, mundial e globalizante. Educar nesse tempo de mundialização instiga a refletir sobre o processo de globalização que tem passado a integrar os sistemas financeiros, econômicos, políticos e sociais das nações. Esse contexto torna as nações cada vez mais interdependentes e inter-relacionadas e, ao mesmo tempo, mais dependentes de uma estrutura econômica com uma versão neoliberal. Paralelamente, ocorre a transição da sociedade industrial, voltada a produção de bens materiais, para a sociedade do conhecimento, voltada para a produção intelectual com uso intensivo de tecnologias. (Moran et al, 2000)
O processo de mudança paradigmática atinge todas as instituições, e em especial a educação e o ensino em diversos níveis. O advento dessas mudanças exige da população uma aprendizagem constante. As pessoas precisam estar preparadas para aprender ao longo da vida podendo intervir, adaptar-se e criar novos cenários. (Moran et al, 2000)
O novo paradigma da ciência sustentado pelo advento da física quântica tornou-se fator marcante no século XX, e em especial nas últimas décadas, com o desmoronamento da proposição newtoniana-cartesiana. Neste momento histórico, a tradicional visão cartesiana, que acompanhou todas as áreas do conhecimento no século XIX e grande parte do século XX, não dá mais conta das exigências do conhecimento científico e da formação acadêmica dos estudantes exigida na sociedade moderna. A proposição mecanicista e reducionista que levou à fragmentação – a divisão – é um procedimento advento do pensamento newtoniano-cartesiano, que vem sendo superado pelo paradigma da sociedade do conhecimento que propõe totalidade. (Moran et al, 2000)
A Era das Relações (Moraes 1997) exige conexão, inter-relacionamento, interconexão, visão de rede, de sistemas integrados. Em suma, trata-se de reconectar o conhecimento que foi fragmentado em partes e reassumir o todo. A visão de superar não é fazer desaparecer, mas progredir na reaproximação do todo. “Pois o todo está em cada uma das partes, e, ao mesmo tempo, o todo é qualitativamente diferente do que a soma das partes”
O clima de revolução científica, epistemológica, cultural e tecnológica, gerado pelo esgotamento do velho paradigma, tem como ênfase a profunda contradição entre o imenso avanço da tecnologia e o trágico destino da maior parte da humanidade. (Moran et al, 2000)
O advento da economia globalizada e a forte influência dos avanços dos meios de comunicação e dos recursos de informática aliados à mudança de paradigma da ciência não comportam um ensino nas universidades que se caracterize por uma prática pedagógica conservadora, repetitiva e acrítica. (Moran et al, 2000)
As exigências de uma economia globalizada afetam diretamente a formação dos profissionais em todas as áreas do conhecimento. Torna-se relevante alertar que o profissional esperado para atuar na sociedade contemporânea exige hoje uma formação qualitativa diferenciada do que se tem ofertado em um grande número de universidades. (Moran et al, 2000)
A produção do saber nas áreas do conhecimento demanda ações que levem o professor e o aluno a buscar processos de investigação e pesquisa. O fabuloso acúmulo da informação em todos os domínios, com um real potencial de armazenamento, gera a necessidade de aprender a acessar as informações. O acesso ao conhecimento e, em especial, à rede informatizada desafia o docente a buscar nova metodologia para atender às exigências da sociedade. Em face da nova realidade, o professor deverá ultrapassar seu papel autoritário, de dono da verdade, para se tornar um investigador, um pesquisador do conhecimento crítico e reflexivo. O docente inovador precisa ser criativo, articulador e, principalmente, parceiro de seus alunos no processo de ensino e aprendizagem. Nesta nova visão, o professor deve mudar o foco do ensinar para reproduzir conhecimento e passar a preocupar-se com o aprender e, em especial, o “aprender a aprender”, abrindo caminhos coletivos de busca e investigação para a produção do seu conhecimento e do seu aluno. (Moran et al, 2000)
Jacques Delors (1998) coordenou o “Relatório para Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI”, no qual aponta como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma educação continuada. A aprendizagem ao longo da vista enseja superar a visão de terminalidade que era atribuída aos cursos, em especial aos de graduação nas faculdades e universidades. A proposição manifestada por Delors apresenta para a educação uma aprendizagem ao longo de toda vida assentada em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Como primeiro pilar, o autor aponta o aprender a conhecer:
Este tipo de aprendizagem que visa não tanto à aquisição de um repertório de saberes codificados, mas antes ao domínio dos próprios instrumentos do conhecimento pode ser considerado, simultaneamente, como meio e como finalidade da vida humana. Meio, porque se pretende que cada uma aprenda a compreender o mundo que o rodeia, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades profissionais, para comunicar. Finalidade, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir. (Delors 1998, p. 91)
Com essa visão enfatiza-se ter prazer em descobrir, em investigar, em ter curiosidade, em construir o conhecimento. Aprender a conhecer implica aprender a aprender, compreendendo a aprendizagem como um processo que nunca está acabado. A pesquisa como princípio educativo torna-se relevante, pois o aprender a aprender supera a “descoberta”, a cópia e a imitação. Segundo Gadotti (2000, p.251), aprender a conhecer implica ter:
Prazer de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento, curiosidade, autonomia, atenção. Inútil tentar conhecer tudo. Isso supõe uma cultura geral, o que não prejudica o domínio de certos assuntos especializados. Aprender a conhecer é mais que aprender a aprender.
Como segundo pilar, Delors (p.93) apresenta o aprender a fazer, aprendizagem indissociável do aprender a conhecer, e recomenda:
Aprender a fazer não pode, pois, continuar a ter o significado simples de preparar alguém para tarefa material bem determinada, para fazê-lo participar no fabrico de alguma coisa. Como consequência, as aprendizagens devem evoluir e não podem mais ser consideradas como simples transmissão de práticas mais ou menos rotineiras, embora estas continuem a ter um valor formativo que não é de desprezar.
Trata-se, portanto, de ir além da tarefa repetitiva, do ato de repetir o que está feito, mas sim de buscar o fazer na criação com criticidade e autonomia. Como consequência, o aprender a fazer vem coligado com o desenvolvimento de aptidões que levam a pessoa a atuar na sua profissão com mais competência e habilidade. Segundo Gadotti (p.251),
A substituição de certas atividades humanas por máquinas acentuou o caráter cognitivo do fazer. O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse sentido vale mais hoje a competência pessoal que torna a pessoa apta a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe do que a pura qualificação profissional.
Aliando aprender a conhecer e aprender a fazer, o professor precisa superar em sua prática pedagógica a dicotomia teoria e prática. A teoria e a prática podem caminhar juntas. O docente deve ter a preocupação de criar problematizações que levem o aluno a acessar os conhecimentos e aplica-los como se estivesse atuando
como profissional. A teoria por si só não dá conta de preparar o aprendiz para aplicá-la. As aptidões, as habilidades e as competências para decodificar as informações e convertê-las numa ação efetiva tornam-se tarefa importante, pois preparam o aluno para se readaptar às situações-problemas e estar apto para atuar como profissional. (Moran et al, 2000)
O terceiro pilar apresentado por Delors refere-se ao aprender a viver juntos, “levar os alunos a tomarem consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres humanos no planeta”. Acrescenta-se a aprendizagem de conviver harmoniosamente com todos os seres vivos, homens e animais, mar, terra e ar. Gadotti (op. Cit., p.251) interpreta a aprendizagem de viver juntos como “compreender o outro e desenvolver a percepção da interdependência, da não violência, administrar conflitos. Descobrir o outro, participar em projetos comuns. Ter o prazer no esforço comum. Participar de projetos de cooperação”. Observa-se que nestas últimas décadas a sociedade e as organizações em geral têm enfatizado a necessidade de os profissionais aprenderem a trabalhar em parceria. Portanto, reaprender a viver juntos, a respeitar as individualidades num processo coletivo para aprender e se emancipar. (Moran et al, 2000)
Os pressupostos do paradigma inovador na ciência propõem movimentos de evolução, de interconexão, de entropia, de inter-relacionamento e defendem um pensamento em rede, tal qual uma teia, onde todos os seres vivos interagem e são interdependentes uns dos outros. Esse movimento originou uma crise de dimensões planetárias, advinda historicamente de um paradigma que permitiu à separação, a divisão, a fragmentação, levando a uma visão mecanicista do mundo. A evolução da ciência para superar o pensamento newtoniano-cartesiano, que propõe a fragmentação, a unicidade, à parte, vem dando lugar a um pensamento holístico, que busca a reunificação das partes no todo. (Moran et al, 2000)
A validade do aprender a viver juntos, proposto por Delors (1998). Implica em redimensionar as práticas pedagógicas dos professores em todos os níveis de ensino. Os professores e os alunos passam a ser parceiros de um projeto comum. Os processos de entreajuda, de colaboração, de cooperação precisam ser instigados sob pena de o aluno não estar preparado para enfrentar as exigências que a sociedade vem apresentando-nos diversos segmentos.
O quarto pilar apresentado refere-se ao aprender a ser. Delors recomenda:
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa,
espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo o ser humano deve ser
preparado, especialmente, graças à educação que recebe na juventude,
para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus
próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir
nas diferentes circunstâncias da vida.
Com essa visão tenta superar a desumanização do mundo, conferindo ao homem a liberdade de pensamento e responsabilidade sobre seus atos, na busca de desenvolvimento dos processos de aprender a ser, contemplar o “desenvolvimento integral da pessoa: inteligência, sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa” (Gadotti e col. 2000, p. 251). Trata-se em levar em consideração as inteligências múltiplas, as potencialidades dos alunos em plenitude, a possibilidade para criticar, para participar e para criar.
Na organização do Estado brasileiro, a matéria educacional é conferida pela Lei nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aos diversos entes federativos: União, Distrito Federal, Estados e Municípios, sendo que a cada um deles compete organizar seu sistema de ensino, cabendo, ainda, à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva (artigos 8º, 9º, 10 e 11). (LDB, 1996)
No tocante à Educação Básica, é relevante destacar que, entre as incumbências prescritas pela LDB aos Estados e ao Distrito Federal, está a assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino Médio a todos que o demandarem. E ao Distrito Federal e aos Municípios cabe oferecer a Educação Infantil em Creches e Pré-Escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental. Em que pese, entretanto, a autonomia dada aos vários sistemas, a LDB, no inciso IV do seu artigo 9º, atribui à União estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. (LDB, 1996)
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, bem como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais os sistemas federal, estaduais, distrital e municipal, por suas competências próprias e complementares, formularão as suas orientações assegurando a integração curricular das três etapas sequentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor um todo orgânico.
Quanto às etapas correspondentes aos diferentes momentos constitutivos do desenvolvimento educacional, a Educação Básica compreende: I – A Educação Infantil, que compreende: a Creche, englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois) anos.
II – O Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com duração de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais;
III – O Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. Estas etapas e fases têm previsão de idades próprias, as quais, no entanto, são diversas quando se atenta para alguns pontos como atraso na matrícula e/ou no percurso escolar, repetência, retenção, retorno de quem havia abandonado os estudos, estudantes com deficiência, jovens e adultos sem escolarização ou com esta incompleta, habitantes de zonas rurais, indígenas e quilombolas, adolescentes em regime de acolhimento ou internação, jovem e adulto em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais. (LDB, 1996)
A escola de Educação Básica é espaço coletivo de convívio, onde são privilegiadas trocas, acolhimento e aconchego para garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento entre si e com as demais pessoas. É uma instância em que se aprende a valorizar a riqueza das raízes culturais próprias das diferentes regiões do País que, juntas, formam a Nação. Nela se ressignifica e recria a cultura herdada, reconstruindo as identidades culturais, em que se aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do País. (LDB, 1996)
O Censo Escolar da Educação Básica é uma pesquisa estatística realizada anualmente pelo Inep em duas etapas e em articulação com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, sendo obrigatória aos estabelecimentos públicos e privados de educação básica, conforme determina o art. 4º do Decreto nº 6.425/2008. (Brasil, 2023)
Em 2023, foram contabilizadas 47,3 milhões de matrículas nas 178,5 mil escolas de educação básica no Brasil, cerca de 77 mil matrículas a menos em comparação com o ano de 2022, o que corresponde a uma redução de 0,16% no período. Entre os anos de 2022 e 2023 a rede pública teve uma redução de mais de 500 mil matrículas, enquanto a rede privada expandiu 4,7%, chegando próximo ao nível observado em 2019, antes da pandemia. (Brasil, 2023)
Quase a metade dos alunos matriculados são atendidos pelos municípios brasileiros (49,3%). Em 2023, a rede privada teve uma participação de 19,9%. Na educação básica, a União tem uma participação inferior a 1%. (Brasil, 2023)
O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, tem validade de 10 anos e estabelece diretrizes, metas e estratégias que devem reger as iniciativas na área da educação. Por isso, todos os estados e municípios devem elaborar planejamentos específicos para fundamentar o alcance dos objetivos previstos —
considerando a situação, as demandas e necessidades locais. (Brasil, 2013) Essa concepção de escola exige a superação do rito escolar, desde a construção do currículo até os critérios que orientam a organização do trabalho escolar em sua multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento interpessoal entre todas as pessoas. Cabe, pois, à escola, diante dessa sua natureza, assumir diferentes papéis, no exercício da sua missão essencial, que é a de construir uma cultura de direitos humanos para preparar cidadãos plenos. (Brasil, 2013)
A educação destina-se a múltiplos sujeitos e tem como objetivo a troca de saberes, a socialização e o confronto do conhecimento, segundo diferentes abordagens, exercido por pessoas de diferentes condições físicas, sensoriais, intelectuais e emocionais, classes sociais, crenças, etnias, gêneros, origens, contextos socioculturais, e da cidade, do campo e de aldeias. Por isso, é preciso fazer da escola a instituição acolhedora, inclusiva, pois essa é uma opção “transgressora”, porque rompe com a ilusão da homogeneidade e provoca, quase sempre, uma espécie de crise de identidade institucional. (Brasil, 2013)
A escola é, ainda, espaço em que se abrigam desencontros de expectativas, mas também acordos solidários, norteados por princípios e valores educativos pactuados por meio do projeto político-pedagógico concebidos segundo as demandas sociais e aprovado pela comunidade educativa. Por outro lado, enquanto
a escola se prende às características de metodologias tradicionais, com relação ao ensino e à aprendizagem como ações concebidas separadamente, as características de seus estudantes requerem outros processos e procedimentos, em que aprender ensinar, pesquisar, investigar, avaliar ocorre de modo indissociável. (Brasil, 2013)
Os estudantes, entre outras características, aprendem a receber informação com rapidez, gostam do processo paralelo, de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, preferem fazer seus gráficos antes de ler o texto, enquanto os docentes creem que acompanham a era digital apenas porque digitam e imprimem textos, têm e-mail, não percebendo que os estudantes nasceram na era digital. (Brasil, 2013)
As tecnologias da informação e comunicação constituem uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer as aprendizagens. Como qualquer ferramenta, devem ser usadas e adaptadas para servir a fins educacionais e como tecnologia assistiva; desenvolvidas de forma a possibilitar que a interatividade virtual se desenvolva de modo mais intenso, inclusive na produção de linguagens. Assim, a infraestrutura tecnológica, como apoio pedagógico às atividades escolares, deve também garantir acesso dos estudantes à biblioteca, ao rádio, à televisão, à internet aberta às possibilidades da convergência digital. (Brasil, 2013)
Uma aula clássica ou tradicional e uma aula arcaica não são a mesma coisa. A última significa um total descompasso, uma inadequação insustentável entre, de um lado, o que e como se propõe a ensinar e, de outro, aquilo que é necessário aprender. O que as novas tecnologias no campo da educação estão trazendo não é uma denúncia ou condenação do modelo clássico, mas, sim, maior produtividade por meio da potencialização de elementos que justamente residem no clássico: a figura do professor, a figura do aluno, o conteúdo sistematizado de conhecimento, as fontes extras de leitura, as formas de avaliação, os mecanismos de feedback etc. (Sartori, 2020)
Que os alunos mudaram, é verdade. Há muito se discute, ou se procura entender, o impacto do choque de gerações na educação, mais especificamente na relação professor e aluno. O professor, geralmente, será mais velho ao menos uma geração que os estudantes sob sua tutela e poderia, assim, estar em desvantagem em relação às pretensas novas aptidões e características dos alunos. Interessados
nesse tema, Buckingham e Willett (2013) conduziram um estudo que procurou entender a fundo o fenômeno da geração digital representada pelos novos alunos que adentram as instituições de ensino.
Entre suas conclusões, está a constatação de que os jovens possuem uma invejável desenvoltura natural com as novidades tecnológicas. (Sartori, 2020) Por outro lado, um dos grandes achados do estudo foi revelar que, a despeito de tanta novidade high-tech que os rodeiam, os estudantes possuem características em comum com seus colegas de gerações passadas, como o anseio e a necessidade pelo conhecimento e a expectativa de serem atendidos por um educador que lhes mostre que é possível contornar os obstáculos e desafios de sua jornada. (Sartori, 2020)
Uma vez que existe a internet, o professor precisa prover conteúdo? Sem dúvida alguma, encontrar qualquer tipo de informação na grande rede, de maneira absolutamente instantânea, é muito fácil. Avaliar a qualidade e a credibilidade da fonte acessada e do material disponibilizado, por outro lado, é bem mais difícil; principalmente em uma época que recebe o constrangedor rótulo de era da pós
verdade, imersa em fake news e na viralização dos boatos mais infundados. (Sartori, 2020)
Existe, portanto, uma necessidade imperativa de o professor intervir no processo de livre acesso à informação que qualquer aluno do ensino fundamental, com seu celular em mãos, acredita ter. Não se trata, claro, de restringir o trabalho de pesquisa simplesmente fornecendo os endereços previamente homologados como sites críveis: é preciso deixar o aluno, em um primeiro momento, trazer o resultado de suas buscas espontâneas, mas, logo em seguida, mostrar a ele como qualificar a informação acessada, julgar as fontes, identificar discursos ideológicos eventualmente incorporados, entre outros critérios. (Sartori, 2020)
Um aluno precisa de suporte direto do professor para, por exemplo, saber que uma informação presente em um livro tende a ser muito menos atualizada e mais opinativa do que em um artigo científico publicado. Além disso, ainda mais importante, o aluno precisa do professor para compreender o porquê disso. (Sartori, 2020)
Está fora de discussão que o professor deve, sim, usar as tecnologias disponíveis como aliadas no processo de ensino e aprendizagem. As possibilidades de enriquecimento da experiência de aula com o uso de aparatos tecnológicos são
vastíssimas desde que devidamente orientadas, porém no Brasil as escolas ainda não conseguem proporcionar, em sua totalidade, a infraestrutura de rede e de cabeamento e disponibilizar a todos os alunos o acesso a esses equipamentos tecnológicos. (Sartori, 2020)
O Censo Escolar de 2023 nos aponta que nas Escolas de Educação Infantil que compreende a Creche, englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois) anos, não menciona nenhum recurso tecnológico presente nessa etapa.
(Brasil, 2023)
Em relação às escolas de Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove) anos, e organizado e tratado em duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais, observamos no gráfico da figura 1 que todos os recursos tecnológicos mencionados, computador de mesa para alunos, computador portátil para alunos, internet, internet banda larga, internet para alunos, internet para ensino e aprendizagem, internet para uso administrativo, lousa digital, projetor multimídia e tablete para alunos. Nos municípios onde a concentração de matrículas a essa faixa etária é maior apresentam a menor quantidade de recursos em relação aos sistemas de ensino Estadual, Federal e Privado. (Sartori, 2020)
Figura 1: Ensino Fundamental

Fonte: Brasil, 2023
Figura 2: Ensino Médio

Fonte: Brasil, 2023
Na figura 2 a pesquisa nos mostra que as escolas estaduais que possuem o maior número de matrícula na etapa do Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos, não apontou a quantidade de computadores portátil disponível para os alunos e a quantidade de escolas que possuem lousa digital. Ficou em segundo lugar quanto à disponibilização do computador de mesa e internet para alunos. Em terceiro lugar ao dispor acesso à internet, internet para ensino e aprendizagem, internet para uso administrativo e portar projetor multimídia e tablete para alunos. E em quarto lugar oferecer aos alunos e equipe escolar internet banda larga.
Em tempos atuais, o conhecimento científico, exige da escola o exercício da compreensão, valorização da ciência e da tecnologia desde a infância e ao longo de toda a vida, em busca da ampliação do domínio do conhecimento científico: uma das condições para o exercício da cidadania.
O conhecimento científico e as novas tecnologias constituem-se, cada vez mais, condição para que a pessoa saiba se posicionar frente a processos e inovações que a afetam. Não se pode, pois, ignorar que se vive: o avanço do uso da energia nuclear; da nanotecnologia; a conquista da produção de alimentos geneticamente modificados; a clonagem biológica. Nesse contexto, tanto o docente quanto o estudante requerem uma escola em que a cultura, a arte, a ciência e a
tecnologia estejam presentes no cotidiano escolar, desde o início da Educação Básica.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, a globalização exerce uma influência multifacetada sobre a educação básica, promovendo avanços significativos e, ao mesmo tempo, apresentando desafios substanciais. A introdução de tecnologias educacionais e a incorporação de currículos com perspectivas globais enriquecem a aprendizagem, preparando os alunos para um mundo interconectado e diversificado.
No entanto, essas oportunidades são acompanhadas por um aumento das desigualdades, à medida que o acesso a recursos de qualidade varia entre diferentes regiões e comunidades. Além disso, a diversidade cultural nas salas de aula exige adaptações pedagógicas e uma maior formação intercultural para os educadores.
A pressão por resultados acadêmicos elevados, impulsionada pela competição global, também influencia as políticas educacionais. Portanto, é fundamental que as instituições educativas e os formuladores de políticas adaptem suas abordagens para garantir uma educação equitativa e de qualidade, capaz de responder às demandas de um mundo globalizado.
A contínua adaptação e inovação são essenciais para que a educação básica possa não apenas acompanhar, mas também contribuir positivamente para um futuro interligado e inclusivo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. 2013. Disponível em : http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=134 48-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192 Acesso em: 10 maio 2024.
BRASIL. Censo escolar 2023. Disponível em: https://download.inep.gov.br/censo_escolar/resultados/2023/apresentacao_coletiva. pdf. Acesso em 05 maio 2024.
BUCKINGHAM, David. WILLEY, John. Media education: literacy, learning and contemporany culture. Editora John Willey & Sons. 2013.
DELORS, Jacques (coord.). Educação: um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Tradução de José Carlos Eufrázio. São Paulo: Cortez Editora. Brasília: Unesco, 1998.
GADOTTI, Moacir. Convocados, uma vez mais: ruptura, continuidade e desafios do PDE. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2008a.
LDB BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996.
MORAES, Denis de. Globalização, Mídia e Cultura Contemporânea. Editora Livre. 1997.
MORAN, José Manuel. MASETTO, Marcos T. BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Coleção Papirus. Campinas, 2000.
SARTORI, Rodrigo Vinicius. Novos caminhos para profissionais da educação. Editora IESDE, 2º edição. Curitiba, 2020.
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