É muito comum, ao pensarmos no profissional de Medicina, associá-lo com a ideia de salvar vidas. Ou, ainda, o quanto o curso de formação pode ser difícil. No entanto, a realidade pode ir muito além de simples afirmações.
Para desmistificar a profissão e trazer informações detalhadas sobre o curso, a UNIFF conversou com o diretor do curso de graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Prof. Dr. Adriano Namo Cury, e reuniu informações sobre as diretrizes do Ministério da Educação (MEC) a respeito da formação e da atuação profissional dos médicos. Confira!
De acordo com o Censo da Educação 2018, o mais recente divulgado pelo MEC, o curso de Medicina está entre as dez graduações mais procuradas do País.
Com duração média de seis anos, a formação busca capacitar profissionais para atuar no processo de saúde-doença dos pacientes, em aspectos como prevenção, recuperação e reabilitação, por meio de assistência integral para promover a saúde.
O curso
A organização estrutural do curso de Medicina fica a critério de cada instituição de ensino, a qual deve definir dentre outras coisas, se o período letivo será anual, semestral, sistema de créditos - o aluno escolhe qual disciplinas cursar em cada período - ou modular.
De forma geral, a graduação possui um forte aspecto prático, pois as diretrizes do curso determinam que os alunos vivenciem situações variadas da rotina de trabalho de um médico.
Na Santa Casa, onde o calendário letivo acontece de forma anual, os alunos possuem aulas práticas desde o primeiro ano, mas com uma frequência menor.
Segundo Adriano Cury, do primeiro ao quarto ano os alunos entram em contato com uma forte linha teórica, práticas laboratoriais e pesquisa, também conhecido como período pré-clínico. Esse período inclui disciplinas como:
Bioquímica;
Biofísica;
Genética;
História da Medicina;
Noções de Enfermagem;
Farmacologia;
Imunologia;
Processos Patológicos;
Epidemiologia;
Anestesiologia;
Psicologia do Desenvolvimento;
Sistemas do corpo humano (respiratório, digestivo, nervoso);
Hematologia.
No quinto e sexto ano do curso, as atividades práticas se intensificam e os alunos passam a frequentar o internato.
“A profissão médica é essencialmente humana com aplicação do conhecimento científico, de maneira contínua, para um único objetivo: cuidar das pessoas e promover saúde a todos. Obviamente a carga horária é extensa. Um curso integral que pede muito estudo e dedicação, mas o aluno se integra rapidamente ao hospital escola, tem bons vínculos com docentes, e mesmo com muito tempo de dedicação aos estudos ele se sente em casa e pronto para todos desafios que possam vir”, explica o diretor do curso de Medicina da Santa Casa, Adriano Cury.
As avaliações dos universitários também fica a critério das instituições de ensino, as quais devem decidir como e quando avaliá-los. Por esse motivo, podem acontecer pequenas variações entre as faculdades.
Como funciona o internato?
O MEC define o internato como um regime de estágio, que deve ser realizado em um local conveniado com a instituição e supervisionado por professores do curso de Medicina.
O internato é obrigatório e o aluno deve passar pelas áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria e Saúde Coletiva, com atividades distribuídas em três níveis para cada área. A duração mínima do internato é de 2.700 horas.
Além do internato, as atividades complementares também precisam ser feitas desde o início do curso, e incluem programas de iniciação científica, monitoria, programas de extensão e cursos em outras áreas.
E o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)?
Não há a obrigatoriedade de defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para uma banca no curso de Medicina.
O que pode ocorrer eventualmente, conforme explica Adriano Cury, é algumas disciplinas ou estágios solicitarem o trabalho.
O perfil do aluno de Medicina
Para o diretor do curso de Medicina da Santa Casa, "cursar medicina com alma e coração é tudo que um aluno precisa para se tornar um bom médico".
Entretanto, o MEC acrescenta algumas características consideradas fundamentais para o futuro profissional da Medicina como ser crítico, reflexivo, ter princípios éticos, senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania.
O órgão também indica algumas competências e habilidades necessárias para o formando, tais como:
Atenção à saúde;
Capacidade de tomar decisões;
Ser acessível e manter sigilo de informações;
Ter domínio de pelo menos uma língua estrangeira e de tecnologias de informação;
Ser apto para gerenciar força de trabalho, assim como recursos materiais;
Aprender continuamente.
Após a formação, para trabalhar como médico é necessário fazer o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Feito isso, o profissional pode trabalhar nos setores público ou privado nas áreas de atendimento, assistência, gestão e pesquisa.
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