Veículo deverá ficar pronto até 2029; a ideia da Nasa é oferecer as operações em órbita baixa para a iniciativa privada
A Nasa vai pagar até quase US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões) à SpaceX para desenvolver um veículo capaz de tirar a Estação Espacial Internacional (ISS) de órbita e conduzi-la ao seu destino final quando a agência federal e seus parceiros aposentarem o laboratório nos próximos anos.
O veículo fabricado pela SpaceX poderá ser lançado ainda nesta década. Ele se conectará à Estação Espacial Internacional — uma estrutura de cerca de 450 toneladas e, aproximadamente, do tamanho de um campo de futebol — e guiará a nave enquanto ela sai da órbita terrestre. Espera-se que a ISS e o veículo que vai tirá-la de órbita colidam com a atmosfera da Terra ainda viajando a mais de 17.000 milhas por hora (cerca de 27.000 quilômetros por hora).
A SpaceX receberá até US$ 843 milhões (cerca de R$ 4,7 bilhões) pela tarefa, disse a Nasa na quarta-feira (26). A agência espacial não informou quantas empresas enviaram propostas para o contrato do veículo que vai tirar a ISS de órbita.
A Nasa opera a Estação Espacial Internacional ao lado da Roscosmos, a agência espacial russa, que controla uma ala chave da estação e módulos de propulsão. A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa), a Agência Espacial Europeia e a Agência Espacial Canadense também participam das operações.
A Nasa observou em um comunicado de imprensa na quarta-feira que “a retirada segura da Estação Espacial Internacional de órbita é responsabilidade de todas as cinco agências espaciais”.
A agência, no entanto, não disse se seus parceiros internacionais arcariam com parte do custo do contrato da SpaceX para construir o veículo que tirará a ISS de órbita. Um porta-voz da Nasa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o assunto.
A SpaceX também não respondeu a uma lista de perguntas enviadas por e-mail sobre o contrato. A empresa normalmente não responde a consultas de veículos de notícias.
Em documentos anteriores, a Nasa disse que esperava que o veículo possa ser lançado até dezembro de 2028 e informou que exigiria que ele estivesse pronto até 2029. Não está claro quando a ISS deixará de operar.
No comunicado de imprensa, a Nasa observou que está comprometida em continuar as operações da estação espacial até 2030. Mas a Roscosmos garantiu sua participação apenas até “pelo menos 2028”.
A Nasa tem enfatizado que a estação espacial fornece uma plataforma crucial para que seus astronautas realizem experimentos científicos e pesquisas para futuras missões mais profundas no cosmos, mas o laboratório está envelhecendo rapidamente.
A estação, que está em órbita a cerca de 250 milhas (400 quilômetros) acima da superfície da Terra, hospeda equipes rotativas de astronautas continuamente desde 2000.
“Selecionar um veículo dos EUA para tirar a Estação Espacial Internacional de órbita ajudará a Nasa e seus parceiros internacionais a garantir uma transição segura e responsável em órbita baixa da Terra o final das operações da estação”, disse Ken Bowersox, administrador associado do Diretório de Missões de Operações Espaciais da Nasa, em um comunicado.
“O laboratório continua a ser um modelo para ciência, exploração e parcerias no espaço para o benefício de todos.”
A Nasa há muito tempo disse que planeja transferir as operações em órbita baixa da Terra — a área do espaço mais próxima da Terra onde a estação espacial atualmente opera — para o setor privado. Empresas comerciais estarão livres para construir seus próprios laboratórios orbitais, hotéis espaciais ou outros empreendimentos.
Enquanto isso, a Nasa planeja focar na exploração mais profunda do sistema solar. A missão Artemis da agência, por exemplo, busca retornar astronautas à superfície da Lua até 2026 e, eventualmente, estabelecer um posto avançado lunar permanente.
Em um anúncio separado, a Nasa também disse na tarde de quarta-feira que estava encerrando um contrato para desenvolver novos trajes de Atividade Extraveicular, ou EVA — que os astronautas usam quando realizam caminhadas espaciais fora da estação.
Os icônicos trajes brancos fofos que os astronautas atualmente usam nas caminhadas espaciais foram projetados há mais de 40 anos. No início desta semana, a Nasa foi forçada a cancelar planos para remover uma caixa de eletrônicos com defeito fora da estação espacial porque um traje espacial usado pela astronauta Tracy Dyson vazou pouco antes do início da caminhada espacial.
Em um comunicado anunciando a decisão na quarta-feira, a NASA disse que seu parceiro no contrato EVA, a Collins Aerospace, com sede na Carolina do Norte, “reconheceu que seu cronograma de desenvolvimento não apoiaria o cronograma da estação espacial e os objetivos da missão da Nasa.”
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