Estudo buscou entender qual medida pode ser mais eficaz para avaliar a quantidade de atividade física realizada por semana e seus efeitos para a saúde
Com a popularidade do uso de smartwatches durante a atividade física, ficou mais fácil monitorar a quantidade de exercício físico que é realizada por dia, seja por passos ou por minutos. No entanto, um novo estudo buscou responder qual dessas é a melhor forma de estabelecer metas de atividade física para reduzir o risco de doenças cardiovasculares e morte precoce.
A conclusão de pesquisadores do BWH (Brigham and Women’s Hospital) é de que ambas as formas oferecem benefícios para a saúde. Além disso, o estudo sugere que escolher uma meta de tempo ou passos pode não ser tão importante quanto definir uma meta alinhada a preferências e objetivos pessoais. As descobertas foram publicadas segunda-feira (20), na revista científica JAMA Internal Medicine.
As atuais diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendam a prática de 150 a 300 minutos de atividade física moderada por semana para adultos e 60 minutos semanais para crianças. Além disso, estudos recentes mostraram que, para se manter saudável, uma pessoa deve atingir a marca de 10 mil passos diários, valor que pode representar um risco 39% menor de morte e de doenças cardiovasculares.
Diante disso, os pesquisadores buscaram entender qual tipo de meta de exercício físico diário poderia ser mais benéfica para a saúde. “Com mais pessoas usando smartwatches para medir seus passos e sua saúde geral, vimos a importância de verificar como as medições baseadas em passos se comparam às metas baseadas no tempo em sua associação com os resultados de saúde – uma é melhor que a outra?”, ponderou Rikuta Hamaya, pesquisador da Divisão de Medicina Preventiva do BWH.
Como o estudo foi feito?
Para responder às suas dúvidas, os pesquisadores recolheram dados de 14.399 mulheres que participaram do Estudo de Saúde da Mulher e que eram saudáveis, ou seja, não apresentavam doenças cardiovasculares ou câncer.
Entre 2011 e 2015, os pesquisadores solicitaram que as participantes com 62 anos ou mais usassem dispositivos como smartwatches durante sete dias consecutivos para registrar os seus níveis de atividade física. Elas só puderam retirar o dispositivo ao dormir ou para realizar atividades que tinham contato com água.
Ao longo do estudo, foram aplicados questionários anuais para avaliar a saúde das participantes, principalmente o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ou morte por qualquer causa. As participantes foram avaliadas até o final de 2022.
Quais foram os resultados encontrados?
Os pesquisadores descobriram que, enquanto usavam o dispositivo, as participantes praticaram uma média de 62 minutos de atividade física de intensidade morada a vigorosa por semana e acumularam uma média de 5.183 passos por dia.
Durante o acompanhamento, cerca de 4% desenvolveram doenças cardiovasculares. De acordo com o estudo, níveis mais elevados de atividade física foram associados a maior redução do risco de morte ou doença cardiovascular. As mulheres mais ativas apresentaram uma redução de 30% a 40% no risco à saúde cardiovascular em comparação com as mulheres menos ativas.
Além disso, as participantes com o melhor tempo de atividade física e contagem de passos viveram 2,22 e 2,36 meses a mais do que as mulheres menos ativas, respectivamente. Essa vantagem de sobrevivência permaneceu a mesma independentemente das diferenças no IMC (Índice de Massa Corporal).
Portanto, os pesquisadores concluíram que ambas as métricas são úteis para retratar o estado de saúde de uma pessoa e estabelecer metas de atividade física. Porém, para os autores do estudo, cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens.
Segundo os pesquisadores, a contagem de passos pode não levar em consideração as diferenças nos níveis de condicionamento físico. Por exemplo, se uma pessoa de 20 anos e outra de 80 anos caminharem por 30 minutos em intensidade moderada, a contagem de passos poderá diferir significativamente.
Por outro lado, os passos são simples de serem medidos e menos sujeitos a diferentes interpretações em comparação com a intensidade do exercício, além de poderem ser capturados com movimentos do dia a dia.
“Para alguns, especialmente para os mais jovens, o exercício pode envolver atividades como tênis, futebol, caminhada ou corrida, que podem ser facilmente monitoradas com passos. No entanto, para outros, pode consistir em passeios de bicicleta ou natação, em que o monitoramento da duração do exercício é mais simples. É por isso que é importante que as diretrizes de atividade física ofereçam múltiplas maneiras de atingir os objetivos. O movimento parece diferente para cada pessoa e quase todas as formas de movimento são benéficas para a nossa saúde”, afirma Hamaya.
Os autores do estudo observam, ainda, que o trabalho incorpora apenas uma única avaliação de métricas de atividade física baseadas em tempos e passos. Além disso, a maioria das mulheres incluídas no estudo eram brancas e de nível socioeconômico mais elevado.
Vale lembrar, também, que o estudo foi apenas observacional, ou seja, indica apenas uma relação e não uma comprovação. Por isso, a equipe de pesquisadores pretende coletar mais dados no futuro por meio de um ensaio clínico randomizado para entender melhor a relação entre o tempo e as métricas de exercícios baseados em passos e seus efeitos na saúde.
Link de referência da matéria: https://www.cnnbrasil.com.br
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