Dominar a indústria dos semicondutores virou questão de soberania nacional pras grandes potências, principalmente China e Estados Unidos
Olha ao redor, faz isso com calma. Olhou? Então, por mais simples ou tranquilo que seja o ambiente onde você tá, ele provavelmente seria bem diferente do que você tá vendo se não fosse a descoberta dos semicondutores. Computadores, televisões, sistemas de som, eletrodomésticos de geladeira a microondas, calculadoras, celulares, impressoras e até mísseis… tudo que tem alguma eletrônica embarcada carrega os semicondutores na fabricação e depende deles pra existir.
A questão é que a fabricação desses troços fundamentais pra vida moderna de hoje depende de uma tecnologia muito específica, que, por enquanto, só algumas poucas empresas no mundo dominam legal.
De um jeito muito simplista e macro, a gente consegue entender os semicondutores olhando pras placas e chips dos equipamentos eletrônicos, aqueles que são normalmente verdinhos, sabe?! Então, eles são espaços físicos onde informações circulam de um lado pro outro. Os semicondutores são o que justamente conduz ou não esses comandos em forma de eletricidade com mais ou menos intensidade e ajudam o paranauê todo a funcionar.
Sem eles, a tecnologia como a gente conhece não ia existir de jeito nenhum. E, como tudo cada vez tem mais tecnologia embarcada, a demanda por semicondutores no mundo só vai crescer e as grandes empresas e principais países do mundo já entenderam isso há tempos.
Essa discussão dos semicondutores explodiu primeiro durante a pandemia, quando eles começaram a faltar por vários motivos, principalmente por aumento de demanda com todo mundo em casa.
Como as cadeias de produção são, em grande parte, globalizadas, um carro, por exemplo, depende de peças de várias partes do mundo pra ser montado numa fábrica aqui no Brasil ou em qualquer outro país. Como os carros tão cada vez mais tecnológicos, eles têm cada vez mais semicondutores no projeto.
Quando a demanda explodiu, várias indústrias ficaram sem receber a quantidade que precisavam, e muitos produtos pararam de ser fabricados por falta de peça. Tinha um monte de gente querendo comprar, mas as fábricas não tinham o que fazer, foi bizarro.
Dito isso, a gente consegue entender o setor de fabricação dos semicondutores como a indústria das indústrias, já que todos os grandes fabricantes de eletrônicos do mundo dependem deles. Foi isso que criou em todas as potências mundiais a necessidade de, pelo menos, tentar avançar na fabricação “caseira” dessas pecinhas.
Com a chegada da inteligência artificial, a demanda por semicondutores só cresceu, junto com a necessidade de que eles fossem cada vez menores, cada vez mais inteligentes. Os Estados Unidos ainda têm a liderança global da inteligência artificial, com a Nvidia sendo a empresa que mais cresce nesse segmento, que acabou de ultrapassar o valor de mercado de US$ 3 trilhões, o que só tinha sido alcançado antes por Microsoft e Apple.
E por que que eu tô falando isso? Porque a Nvidia é a principal fabricante de chips usados pra treinar os modelos de inteligência artificial das grandes empresas tech. Dentro desses chips, tem o quê? Pois é, semicondutores.
Essa treta tá motivando até preocupações internacionais de possíveis novos conflitos territoriais. A maior fabricante de semicondutores do mundo tá hoje em Taiwan. São eles que fornecem os melhores semicondutores do mundo, inclusive pra Nvidia.
Mas acontece que Taiwan é um território que se reconhece como um país soberano, mas a China discorda e, por questões que vem de conflitos históricos, os chineses veem Taiwan como uma província rebelde. Aí, os interesses globais nos semicondutores feitos em Taiwan alimentam em muitos analistas internacionais, a possibilidade de uma invasão chinesa a Taiwan.
Se isso acontecer, os principais fabricantes do mundo, que hoje tão nos Estados Unidos, perdem o principal fornecedor. Ficaria, assim, aberta a rodovia que poderia levar a China à liderança global na produção e domínio tecnológico do mundo moderno.
Coisa de 60% dos semicondutores do mundo vêm de Taiwan, mais da metade dessa produção vai pros Estados Unidos. Quando a gente fala dos semicondutores mais avançados, quase todos são taiwaneses.
Tá entendendo como essa discussão é absurdamente estratégica num momento de evolução tecnológica gigante que a gente tá presenciando com a chegada de ChatGPT e afins?!
Essa lógica é tão forte que até a Arábia Saudita acabou de anunciar um novo centro de desenvolvimento de semicondutores pra fabricação de chips. Mas a China, como quase sempre, foi além. Eles acabaram de anunciar, agora no fim de maio, a abertura dos cofres pra investir o equivalente a quase R$ 250 bilhões pra acelerar a indústria de fabricação dos semicondutores de última geração.
Esse dinheiro todo tá vindo do governo e dos principais bancos estatais do país. Mas a pergunta que a gente tem que se fazer é: quanto tempo eles vão demorar pra fazer isso? E digo mais… será que eles vão conseguir, em algum momento, produzir dentro de casa semicondutores avançados o suficiente pra não ter a necessidade de importar essas peças fundamentais pra qualquer potência econômica?
Eu só digo que já tô preparando a pipoca pra acompanhar essa briga de perto. É ela quem vai determinar o futuro da tecnologia e, consequentemente, o futuro da humanidade.
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