Ferramenta desenvolvida por pesquisadores da Austrália pode auxiliar no diagnóstico e tratamento do câncer
Pesquisadores da Australian National University, na Austrália, desenvolveram uma nova ferramenta de IA (inteligência artificial) para identificar e classificar tumores cerebrais com até 95% de precisão. Os resultados do funcionamento da tecnologia foram publicados na revista científica Nature Medicine na última sexta-feira (17).
De acordo com Dahn-Tai Hoang, primeiro autor do estudo, a maior precisão no diagnóstico e categorização de tumores no cérebro é fundamental para o tratamento eficaz do paciente.
“O atual padrão ouro para identificar diferentes tipos de tumores cerebrais é o perfil baseado na metilação do DNA, que atua como um interruptor para controlar a atividade genética e quais genes são ativados ou desativados”, explica Hoang em comunicado à imprensa.
“Mas o tempo que leva para fazer esse tipo de teste pode ser uma grande desvantagem, muitas vezes exigindo várias semanas ou mais, quando os pacientes podem depender de decisões rápidas sobre as terapias”, contrapõe o pesquisador. “Também há falta de disponibilidade desses testes em quase todos os hospitais do mundo”, completa.
Diante desses desafios, os pesquisadores, em colaboração com especialistas do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, desenvolveram o DEPLOY, uma ferramenta de IA capaz de prever a metilação do DNA e, posteriormente, classificar os tumores cerebrais em 10 subtipos principais.
Para fazer isso, o DEPLOY se baseia em imagens microscópicas do tecido cerebral de um paciente, chamadas “imagens histopatológicas”. O modelo de IA foi treinado e validado em grandes conjuntos de dados de, aproximadamente, 4 mil pacientes dos Estados Unidos e da Europa.
De acordo com Hoang, a ferramenta alcançou uma precisão em identificar e classificar os tumores cerebrais de 95%. “Além disso, quando recebeu um subconjunto de 309 amostras particularmente difíceis de classificar, o DEPLOY foi capaz de fornecer um diagnóstico clinicamente mais relevante do que o inicialmente fornecido pelos patologistas”, afirma o pesquisador.
Para os autores do estudo, a ferramenta tem o potencial futuro de ser uma ferramenta complementar para o diagnóstico de tumores no cérebro, acrescentando o trabalho inicial feito por um médico patologista. Além disso, os pesquisadores acreditam que o DEPLOY poderá, eventualmente, ser usado para ajudar a classificar outros tipos de câncer.
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