Tempo frio favorece o confinamento em ambientes fechados, o que contribui para a circulação de vírus respiratórios
A chegada do outono, momento de transição entre a época mais úmida e quente, do verão, para o período mais frio e seco, do inverno, reforça a necessidade de cuidados de saúde específicos para a prevenção de doenças e alergias.
O tempo frio favorece o confinamento em ambientes fechados, o que contribui para a circulação de vírus respiratórios. Além disso, outras doenças como rinite, asma e sinusite são comuns nessa época do ano porque o ar fica mais seco e frio, irritando as vias respiratórias.
Para quem é alérgico, as vias aéreas inflamadas entram em contato com esse ar frio e seco e os sintomas respiratórios se agravam. Entre as crianças, uma das preocupações é o vírus sincicial respiratório, que provoca aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave.
Mudanças bruscas de temperatura e baixa umidade do ar são características do período do outono. A médica otorrinolaringologista Maura Neves da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial afirma que o contexto da Covid-19 enfatiza a necessidade dos cuidados de prevenção.
“É importante aderir à campanha de vacinação contra gripe e Covid-19, dessa forma existe menos riscos de contrair gripe, resfriados e pneumonias. Sendo assim o organismo fica mais resistente e o sistema imunológico mais forte, menos suscetível inclusive à Covid-19 e, consequentemente, há menos chances de superlotar o sistema de saúde”, diz.
Entre as medidas de suporte para os sintomas pode-se aplicar solução fisiológica no nariz em forma de aerossol ou spray, ou com o auxílio de uma seringa, para aliviar a congestão nasal através da hidratação e fluidificação das vias aéreas.
Para amenizar os desconfortos respiratórios, uma opção são os umidificadores de ar, especialmente em dias com umidade relativa do ar mais baixa. “O ideal é manter o aparelho ligado em uma intensidade baixa e uma porta ou janela aberta para escape e por períodos curtos”, orienta a médica.
Outra medida econômica e efetiva é colocar uma toalha de rosto úmida no quarto de dormir, perto da cama. As bacias, por sua vez, não são efetivas porque a superfície e evaporação são pequenas.
“Esta é uma das estações mais desafiadoras para a imunidade. Com as temperaturas mais amenas, estamos menos suscetíveis à exposição ao sol, o que pode interferir em nossos níveis de vitamina D, nos deixando mais cansados e indispostos. Além disso, com as temperaturas mais baixas, manter uma rotina ativa e saudável pode ficar ainda mais difícil, interferindo diretamente no bom funcionamento do nosso sistema imunológico”, afirma a nutricionista Carol Tavares da Vitamine-se.
A nutricionista explica que, sem a hidratação adequada, o suprimento de nutrientes para o sistema imunológico pode ficar prejudicado, impactando diretamente em seu funcionamento. Além disso, nosso sistema linfático, responsável pela eliminação de resíduos, germes e toxinas, também depende de água para funcionar adequadamente.
“Inclua frutas e vegetais das mais variadas cores em suas refeições. Assim, você consumirá maior quantidade de nutrientes, como vitaminas, minerais e polifenóis, com ação antioxidante, ajudando no bom funcionamento do sistema imunológico”, orienta Carol.
Hidratação da pele
No outono, é comum que a pele tenha um aspecto mais ressecado pelo tempo com pouca umidade, pelo uso de água mais quente no banho e pela falta de cuidados na rotina diária.
“Não exagere na limpeza da pele para não retirar a oleosidade natural escolhendo um sabonete adequado ao tipo de pele e as necessidades dela, dando preferência aos mais suaves e neutros para a limpeza facial. Além disso, o rosto não precisa ser lavado mais do que duas vezes ao dia”, afirma a médica dermatologista Adriana Vilarinho, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
A especialista recomenda manter hidratações de manhã e à noite com ativos ricos em Vitamina C, além de uso de ácidos e ativos que estimulam a renovação celular e evitam a retenção de umidade com ácido hialurônico, niacinamida e ceramidas.
“Pode-se apostar em óleos corporais de banho que ajudam a criar uma barreira protetora contra a perda de água da pele no chuveiro como manteiga de karité, ureia e óleo de amêndoas”, diz.
Por ser uma estação intermediária, nem tão quente, mas também não tão fria, é uma janela de oportunidade para a atenção aos tratamentos da pele e correção de possíveis excessos cometidos durante o verão. “O principal deles é a mancha do melasma, que necessita de cuidados especiais, e, quanto mais cedo começar o tratamento, os resultados são melhores”, diz Adriana.
Para o dermatologista Erasmo Tokarski, é um período de retomar os cuidados. “É uma estação mais amena, perfeita para reparar danos que a pele possa ter sofrido durante a exposição ao sol, água salgada ou o cloro. É chegado também o período de preparação para o inverno, onde a seca impera e as temperaturas são baixas, causando ressecamento da pele”, explica.
De acordo com Tokarski, nessa temporada a hidratação deve ser intensificada, pois com o ar cada vez mais seco, o rosto pode perder umidade e ficar opaco. “Protetor solar é indispensável, mesmo nas temperaturas amenas. No verão, ele costuma ser muito utilizado, mas esquecido nas outras estações do ano. O sol continua a causar danos, mesmo em temperaturas amenas, e o protetor solar é uma importante defesa”, explica Tokarski.
“Mesmo que a temperatura mais amena do outono seja boa para realizar tratamentos de pele, este não é o único aspecto a observar quando falamos dos cuidados com a pele. É importante dar a devida atenção à baixa umidade do ar, por exemplo, típica desse período, bem como manter cuidados que mesclem a proteção contra raios solares e ventos frios”, complementa Renata Taylor, fisioterapeuta e consultora da HTM Eletrônica.
Lavagem dos cabelos
O período do outono também requer cuidados específicos com os cabelos. Uma maneira de blindar os fios e proteger contra as oscilações de temperaturas é fazer umectação uma hora antes de lavar os cabelos, como explica o hair sylist, Luigi Moretto, de São Paulo.
“Vale usar óleo de rícino e o óleo de coco, por exemplo, que ajudam a não agredir além de evitar ir pra a cama com os fios molhados, já que isso aumenta a chance proliferação de fungos, caspa, além de quebra dos fios”, diz.
O especialista afirma que é normal a perda de 60 a 100 fios de cabelo por dia, mas há maneiras de evitar as quedas e os danos maiores. “O que agrava mesmo, são ventos comuns dessa temporada, que fazem com os fios percam a umidade e se tornem mais secos e quebradiços, além do uso da temperatura da água mais quentes, que também prejudica o cabelo como um todo”, explica.
Moretto afirma que a dica básica para aproveitar as temperaturas mais amenas é evitar a lavagem diária. O trauma de um fio quebrado pode afetar a raiz, ocasionando a queda. Por isso, secar com a toalha e só depois desembaraçar pode ser uma alternativa.
“O ideal é higienizar os fios, pelo menos, quatro vezes na semana, intercalando os dias sempre utilizando a água em temperatura mais amena, já que a água quente deixa os fios mais ressecados e o couro cabeludo mais oleoso. Para evitar maiores problemas, a dica é não pentear o cabelo no chuveiro já que quando está molhado, ele fica frágil quando úmido e ao desembaraçar o fio nesta hora, a tendência é puxar os fios e quebrá-los”, afirma.
Atenção às crianças
Os impactos das oscilações de temperatura podem ser ainda mais significativos para as crianças. A situação contribui para quadros de infecções respiratórias, como gripes, laringites, resfriados, sinusites, otites, bronquites, pneumonias.
A médica pediatra Marina Noia, coordenadora do Centro Pediátrico da Lagoa, no Rio de Janeiro, orienta que os pais fiquem alerta mesmo que as crianças não tenham predileção para alergias.
“Não sair muito cedo, pela manhã, ou muito tarde da noite de casa; manter a alimentação equilibrada com frutas, legumes e verduras; além da hidratação, são alguns pontos que melhoram a imunidade”, sugere a especialista ao aconselhar que objetos alvo de ácaros e poeiras também devem ser evitados, como cortinas, carpetes e bichos de pelúcia.
A limpeza da casa é importante para diminuir os riscos de contaminação por essas doenças. Portanto, a orientação é limpá-la três vezes na semana com aspirador de pó e os móveis com pano úmido. “Lembre-se de não usar a vassoura, pois dispersa e levanta poeira”, orienta.
Em caso de nariz entupido, Marina recomenda aumentar a umidade do ar no ambiente, oferecer água em livre demanda e realizar lavagem nasal com soro fisiológico.
“Manter a caderneta de vacina atualizada nos deixa ciente de que aquela criança recebe todos os cuidados que precisam da família. O Programa Nacional de Imunização do Brasil é um dos mais completos do mundo. Fiquem de olho no calendário e vacinem seus pequenos”, conclui.
Link de referência da matéria: https://www.cnnbrasil.com.br
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