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Foto do escritorBrigite Hanôver

De rosto desfigurado a queda de avião: o que já aconteceu com desafetos de Putin

Líder de grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin estava dentro de aeronave que caiu nesta quarta-feira (23)


A queda de um avião registrado no nome do grupo mercenário Wagner remete a uma longa lista de atentados contra desafetos do presidente russo, Vladimir Putin.

O Legacy, fabricado pela Embraer, caiu verticalmente, soltando uma fumaça espessa. As imagens divulgadas pela TV russa indicam que uma das asas foi arrancada.

Dentro da aeronave, estava o líder do grupo, Yevgeny Prigozhin. Segundo a mídia russa, controlada pelo regime, havia três tripulantes e sete passageiros a bordo, incluindo Dmitry Utkin, um dos fundadores do grupo mercenário.

O nome do grupo se deve a Utkin, apelidado Wagner, compositor favorito de Adolf Hitler, por causa de suas tatuagens e convicções nazistas.

Dois meses atrás, Prigozhin liderou um motim contra o Ministério da Defesa e as Forças Armadas russas. Um comboio do Wagner com armamento pesado avançou de uma base no sul da Rússia até a 200 quilômetros de Moscou, quando parou e recuou — supostamente depois de um acordo com Putin, mediado pelo ditador da Belarus, Alexander Lukashenko.

Em pronunciamento à nação, Putin acusou Prigozhin de “traição” e prometeu que ele seria punido severamente. Entretanto, os dois se reuniram depois no Kremlin.

O Wagner foi removido para Belarus e continuou atuando na África. O grupo é contratado por ditaduras africanas para mantê-las no poder e combater grupos jihadistas. Em troca, explora as riquezas desses países.

Dois meses depois, se confirmado atentado contra Prigozhin, Putin pareceria confirmar sua reputação de seguir o ditado popular segundo o qual “vingança é um prato que se come frio”.

Segue um pequeno resumo dos casos mais notórios de mortes violentas de desafetos de Putin, que fez carreira na KGB, antigo serviço secreto soviético, e comandou sua sucessora, FSB.


Rosto desfigurado

Em 2004, o ucraniano Viktor Yushchenko, que disputava a eleição presidencial com o primeiro-ministro Viktor Yanukovich, aliado de Putin, foi envenenado com dioxina, um tipo de agente laranja, que o deixou com o rosto desfigurado. A apuração oficial deu vitória a Yanukovich. Os ucranianos foram às ruas, protestar contra fraude, no movimento chamado Revolução Laranja. A Justiça ucraniana anulou a eleição e convocou uma nova, em que Yushchenko foi eleito presidente.


Xícara de chá

Ainda em 2004, a jornalista investigativa Anna Politkovskaya se sentiu mal e perdeu a consciência repentinamente depois de tomar uma xícara de chá durante um voo para a cidade de Beslan, aonde estava indo cobrir o cerco de uma escola por terroristas chechenos. O cerco terminou com a invasão de agentes da FSB e a morte de 333 pessoas, 186 delas, crianças. A jornalista sobreviveu e foi morta a tiros dois anos depois, no dia do aniversário de Putin.


Polônio

Em 2006, o ex-agente da FSB Alexander Litvinenko morreu em Londres depois de ser envenenado com polônio 210, um elemento radiativo. Litvinenko investigava abusos cometidos por agentes da FSB na Síria.


Novichok

Em 2018, outro ex-espião russo, Sergey Skripal, foi envenenado por um gás nervoso em Salisbury, também no Reino Unido. Skripal sobreviveu. O agente foi identificado por investigadores britânicos como Novichok, desenvolvido pelos soviéticos.

O Novichok voltou a ser empregado dois anos depois contra o líder oposicionista Alexey Navalny. Assim como a jornalista, ele também passou mal depois de tomar um chá, no aeroporto de Tomsk, na Sibéria. Navalny entrou em coma, e foi transportado para um hospital em Berlim especializado em envenenamentos.

Recuperado, o líder oposicionista voltou para Moscou, e foi preso ao desembarcar, acusado de incitar o extremismo, entre outros crimes. Ele foi condenado inicialmente a nove anos de prisão e, depois, a mais 19 anos, cumulativos.

Navalny está confinado em uma solitária em uma prisão de segurança máxima em Melekhovo, 250 quilômetros a leste de Moscou.


Link de referência da matéria: https://www.cnnbrasil.com.br

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