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Foto do escritorBrigite Hanôver

Conheça a startup marroquina que está plantando no deserto

Sand to Green combate dessertificação provocada por mudanças climáticas, alegando custo menor do que perdas pela degradação dos solos

A desertificação é um problema crescente, com 250 milhões de pessoas diretamente afetadas pela degradação de terras anteriormente férteis.


O problema afeta um terço da superfície terrestre, segundo as Nações Unidas, ressecando partes de África, América do Sul, sul da Europa, China e um terço do solo dos Estados Unidos. Recuperar terras áridas e transformá-las novamente em campos agrícolas poderá ser fundamental para garantir a capacidade de alimentar a população do planeta.

A Sand to Green é uma startup marroquina que pode transformar um pedaço de deserto em uma plantação sustentável e rentável em cinco anos, segundo Wissal Ben Moussa, cofundadora e diretora agrícola.


“A desertificação é hoje o futuro de muitos países”, diz ela. “A nossa solução é utilizar a agrossilvicultura para criar um novo tipo de agricultura que seja sustentável e que possa ser resiliente face às alterações climáticas.”

O sistema pode ser implantado em qualquer lugar próximo a uma fonte de água salobra, que a Sand to Green dessaliniza usando tecnologia movida a energia solar. Em seguida, planta uma variedade de árvores frutíferas e ervas no mesmo espaço – uma prática conhecida como consórcio – e irriga suas raízes por gotejamento diretamente com água dessalinizada, para minimizar a evaporação.


O solo é regenerado usando o que Sand to Green chama de “adubo verde”, uma mistura que inclui composto, biocarvão e microorganismos que ajudam o solo a “acordar”, segundo Ben Moussa. Biocarvão é uma forma de carvão que pode ajudar solos áridos a reter água.

Isto permite que algumas ervas estejam prontas para colheita após apenas dois anos.

Em ensaio de cinco hectares no sul de Marrocos, em prática desde 2017, Sand to Green testou uma variedade de plantas em busca dos melhores desempenhos. “Minhas três árvores favoritas são a alfarrobeira, a figueira e a romã”, diz Ben Moussa.


“Eles são endêmicos nas regiões onde queremos implantar, têm alto valor agregado no que diz respeito à produção, mas também são muito resilientes.”

Entre as ervas consorciadas que foram testadas com sucesso estão o alecrim, o gerânio, o vetiver e a citronela, que Ben Moussa descreve como “de manutenção muito baixa e margem muito alta”.


Revivendo o deserto

Uma análise de 2018 da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação concluiu que a economia global iria perder US$ 23 trilhões até 2050 devido à degradação dos solos, enquanto a tomada de medidas urgentes custaria apenas uma fração disso – US$ 4,6 trilhões.

A degradação dos solos ou a seca afetam 169 países, sendo a Ásia e a África os continentes mais atingidos.

Os esforços para cultivar culturas em ambientes desérticos se espalham. O Centro Internacional de Agricultura Biossalina está cultivando superalimentos tolerantes ao sal no solo arenoso de Dubai, enquanto na Tanzânia, organizações sem fins lucrativos estão utilizando terra conhecida como diques para reter a água, de modo que possa penetrar no solo ressecado, permitindo a volta da erva.

A Sand to Green está trabalhando agora para aumentar a escala para um local de 20 hectares, também no sul do Marrocos.

Segundo a empresa, um local desse porte custaria cerca de US$ 475 mil para ser instalado e começaria a gerar retornos financeiros em cerca de cinco anos.


“Com este sistema criamos biodiversidade, o que significa melhores solos, culturas mais saudáveis ​​e um maior rendimento”, afirma Ben Moussa. “Nossa plantação pode gerar 1,5 vezes mais rendimento e, portanto, mais receita do que uma plantação de monocultura na mesma área.”

Quando comercializado, cada pedaço de terra será dividido em plantações que serão fornecidas como um “investimento verde”, diz Ben Moussa, com a Sand to Green cuidando de cada etapa, desde o início até a fruição. As receitas serão divididas entre os investidores e a Sand to Green.

No início deste ano, a empresa arrecadou US$ 1 milhão em financiamento inicial e há planos para um projeto adicional de 500 hectares, novamente em Marrocos.


Sand to Green afirma que suas técnicas podem ser usadas em países como Mauritânia, Senegal, Namíbia, Egito, na Península Arábica, em algumas partes dos Estados Unidos e na costa mexicana.

“Podemos ir a qualquer lugar do mundo, desde que tenhamos acesso à água salobra”, diz Ben Moussa. “A boa notícia é que existe muito ao longo das áreas costeiras.”


Link de referência da matéria: https://www.cnnbrasil.com.br

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