Infectologista explica se é possível contrair as duas infecções juntas diante da epidemia de dengue e da maior circulação do vírus influenza
A dengue e a gripe possuem sintomas em comum, como a febre, dor de cabeça, mal-estar e fraqueza. Isso, muitas vezes, pode fazer com que as infecções sejam confundidas. Mas será que é possível contrair as duas doenças ao mesmo tempo?
De acordo com Alberto Chebabo, médico infectologista e Presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), é possível sim ter dengue e gripe de uma só vez. “Nós já vimos quadros de dengue com gripe, covid-19 com dengue, e gripe com Covid-19”, afirma o especialista à CNN.
Esse quadro é chamado de “coinfecção” e é bastante comum em cenários em que há maior circulação de diferentes vírus, como acontece agora com a chegada do outono e inverno (que aumenta a circulação da influenza, causador da gripe) e com a atual epidemia de dengue.
Segundo o especialista, a coinfecção pode ser perigosa, pois aumenta o risco de complicações de saúde para o paciente e dificulta o diagnóstico. “Muitas vezes, não é possível fazer o diagnóstico clinicamente, somente através de exames e testes. Com eles, é possível determinar quais são os agentes que estão causado o quadro infeccioso e, às vezes, podemos nos surpreender com a detecção de dois agentes, como o vírus da dengue e a influenza”, afirma.
Como é feito o tratamento nesses casos?
Ao identificar uma coinfecção, por meio dos testes para dengue e gripe, é possível determinar o tratamento correto para as doenças. O mais importante, segundo o infectologista, é aumentar a hidratação e manter o repouso, já que essas medidas não trazem riscos de piora no quadro de dengue.
“Principalmente diante de um quadro de dengue, existe um risco maior para a evolução de um quadro de choque por baixa hidratação. Então, a recomendação é hidratar esse paciente adequadamente e, se houver doença respiratória, tratar essa doença também”, afirma.
Vale lembrar que alguns remédios usados para aliviar sintomas como febre, dor no corpo e dor de cabeça não são recomendados para o tratamento da dengue, pois podem aumentar o risco de hemorragias. É o caso de:
Salicitatos: aspirina, AAS;
Ácido acetilsalicílico: diflunisal, salicilato de sódio e metilsalicilato;
Anti-inflamatórios não esteroidais: ibuprofeno, nimesulinda, indometacina, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, sulfinpirazona, fenilbutazona e sulindac;
Corticoides: prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona.
Os medicamentos mais recomendados para aliviar os sintomas de dengue — e gripe quando há coinfecção ou suspeita de dengue — são o paracetamol e a dipirona.
Como diferenciar dengue da gripe?
A dengue e a gripe podem ter alguns sintomas em comum, mas, no geral, se manifestam de formas diferentes no organismo. A dengue, por exemplo, é uma infecção febril e não causa sintomas respiratórios, como acontece com a gripe.
“A dengue causa febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, mas não causa sintomas como dor de garganta, tosse e coriza, normalmente. Esses últimos são sintomas mais comuns da gripe, então essa é uma forma de diferenciar”, explica Chebabo.
Confira, a seguir, os principais sintomas de cada doença, de acordo com o Ministério da Saúde:
Dengue
Febre alta;
Dor no corpo e nas articulações;
Dor atrás dos olhos;
Mal-estar;
Dor de cabeça;
Manchas vermelhas no corpo.
Gripe
Febre;
Coriza;
Dor de garganta;
Tosse;
Dor no corpo;
Dor de cabeça;
Dores articulares;
Diarreia;
Vômito;
Fadiga;
Prostração;
Rouquidão;
Olhos avermelhados e lacrimejantes.
Link de referência da matéria: https://www.cnnbrasil.com.br
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